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domingo, 13 de junho de 2010

QUESTÕES DE PROVAS E CONCURSOS

TEORIA DA CONTABILIDADE

1. (ENADE 2006) A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade emanadas pelo CFC −Conselho Federal de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.
A Norma Contábil que determina a inclusão das receitas e despesas na apuração do resultado do período a que pertencerem, de forma simultânea quando se correlacionarem, independentemente de ter havido recebimento no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no Princípio Fundamental de Contabilidade da

(A) Competência.
(B) Continuidade.
(C) Oportunidade.
(D) Tempestividade.
(E) Uniformidade.


2. (PROVÃO 2002) As receitas e as despesas estão geralmente relacionadas. Nas empresas com fins lucrativos,
(A) a despesa é incorrida de acordo com o pagamento, e a receita é realizada no momento em que a posse do produto é transferida para terceiros.
(B) a despesa é incorrida no momento em que ocorre o consumo, e a receita, no momento em que recebemos os valores decorrentes da venda.
(C) a despesa é incorrida no momento em que ocorre o desembolso, e a receita é realizada no momento em que se transfere a propriedade do bem ou serviço.
(D) a receita é realizada por ocasião da transferência da propriedade, e a despesa é incorrida no momento da aquisição, independente do pagamento.
(E) a receita é realizada no momento em que é transferida a propriedade do bem ou serviço, e a despesa é incorrida no momento do consumo.

3. (PROVÃO 2003) A empresa Mala Direta S.A. optou por adquirir um grande volume de material de expediente para estoque em dezembro de 2001, apesar de saber que seu consumo só iria ocorrer durante o exercício de 2002. Tal aquisição foi motivada pelo longo prazo de pagamento da primeira parcela mensal concedido pelo fornecedor, janeiro de 2003, sendo a última parcela em janeiro de 2004. O contador, em obediência ao Princípio da Competência, deve registrar a despesa

(A) em 2001.
(B) em 2002.
(C) em 2003.
(D) em 2004.
(E) parte em 2003 e parte em 2004.


4. (PROVÃO 2003) O registro contábil da remissão de dívidas
(A) refere-se à avaliação dos componentes patrimoniais.
(B) caracteriza a realização da receita.
(C) constitui uma variação qualitativa do patrimônio.
(D) corresponde à entrada de itens para o ativo.
(E) reflete os efeitos da perda do poder aquisitivo da moeda.

5. (PROVÃO 2003) A empresa Celulose Papéis S.A. mantém um depósito de produtos químicos altamente tóxicos. No final do exercício fiscal de 2002, por problemas de manutenção e conservação desse depósito, houve o vazamento de grande parte dos produtos armazenados, o que imediatamente poluiu o rio que representava a principal fonte de abastecimento de água para a região.
Diante do fato, o contador efetuou a contabilização de uma provisão, tendo em vista que o IBAMA já notificou a empresa e o advogado desta, especialista em Direito Ambiental, reconheceu como provável a multa no valor de R$ 2.000.000,00.
Com esta atitude, o contador atendeu ao Princípio Fundamental de Contabilidade conhecido como

(A) Continuidade.
(B) Entidade.
(C) Prudência.
(D) Atualização monetária.
(E) Registro pelo Valor Original.

6. (PROVÃO-2002) A premissa básica do princípio do custo histórico como base de valor é a de que os ativos são incorporados pelo preço pago para adquiri-los ou fabricá-los mais todos os gastos necessários para colocá-los em condições de gerar benefícios para a empresa. Essa premissa tem grande validade no processo de registro dos ativos, visto que, no momento da transação, o preço acordado entre o comprador e o vendedor é a melhor expressão do valor econômico. Por outro lado, o princípio do custo histórico tem sido considerado como conservador, especialmente, porque:

(A) falha como elemento preditivo de tendências futuras para os usuários.
(B) tem como pressuposto o fato de que todo o processo de escrituração deve ser amparado por documentação suporte devidamente habilitada.
(C) tem como ponto de partida para o registro dos ativos a transferência de propriedade não levando em conta a posse.
(D) dificulta o processo de registro de alguns itens, especialmente dos que se referem aos demais gastos necessários para gerar benefícios para a empresa.
(E) provoca um lucro tributário mais elevado para o ativo por considerá-lo pelo valor histórico.

7. (PROVÃO-2002) O Sr. José dos Santos adquiriu um carro de passeio para a sua esposa no valor de R$35.000,00. O pagamento foi efetuado à vista com cheque da sua empresa. Questionado pelo seu Contador, ele argumentou que a empresa era sua e, portanto, poderia perfeitamente pagar as suas contas pessoais com o dinheiro da empresa. O princípio contábil ferido pelo Sr. José foi o da:

(A) prudência.
(B) continuidade.
(C) competência.
(D) oportunidade.
(E) entidade.


8. (PROVÃO-2002) Em 1º de outubro de 2001, o consultório dentário do Dr. Alvarenga fez um contrato de assinatura de jornal por um período de um ano, no valor total de R$564,00 a serem pagos em seis parcelas iguais vencíveis no último dia de cada mês. A conseqüência dessa operação, por ocasião do encerramento do exercício pelo regime de competência, em 31/12/2001, em termos de resultado, será:

(A) Obrigação de R$564,00.
(B) Despesa de R$141,00.
(C) Despesa de R$564,00.
(D) Despesa antecipada de R$564,00.
(E) Receita antecipada de R$282,00.


9. (PROVÃO-2002) A empresa Serra Verde vende sucos de frutas engarrafados e é auditada anualmente por auditores independentes. Na última visita, os auditores observaram que o Contador da empresa estava apresentando no Balanço Patrimonial, os estoques do suco de uva por valor inferior ao custo de aquisição. O Contador comprovou que o suco de uva não é mais aceito no mercado e que seu valor de realização é efetivamente inferior ao valor do custo de aquisição. Assim, baseado na aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, o lançamento estava correto. A norma na qual o Contador baseou sua resposta é:

(A) Avaliação Patrimonial.
(B) Escrituração Contábil.
(C) Documentação Contábil.
(D) Características da Informação Contábil.
(E) Divulgação das Demonstrações Contábeis.


10. (CRC-1º/2000) A escrituração de uma companhia deverá registrar as mutações patrimoniais observando:
a) os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.
b) o estabelecido no estatuto social.
c) a orientação de auditores independentes registrados na CVM.
d) o respeito à determinação do Conselho de Administração.

11. (CRC-1º/2000) Conforme o Princípio da Competência, o reconhecimento da Receita deverá ser:

a) na emissão do pedido.
b) na venda do produto.
c) no recebimento do adiantamento.
d) no recebimento da receita.


12. (CRC-1º/2000) “Deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da Entidade, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão”. O trecho em destaque refere-se ao Princípio da:

a) Prudência.
b) Competência.
c) Entidade.
d) Oportunidade

13. (CRC-1º/2000) De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, são considerados atributos da informação contábil:

a) Objetividade e confiabilidade.
b) Compreensibilidade e comparabilidade.
c) confiabilidade e sensibilidade.
d) temporalidade e comparabilidade.



14. (CRC 2º2000) Assinale a alternativa CORRETA:

a) A contabilização de receitas realizadas e não recebidas é feita em obediência ao Princípio da Competência de Exercícios, observados os limites impostos pelos Princípios da Realização da Receita e do Conservadorismo.
b) A distribuição de dividendos é uma despesa para a empresa.
c) Os grupos Resultados de Exercícios Futuros e Permanente Diferido só existem em função do Princípio da Prudência.
d) A despesa antecipada deve ser computada no resultado do exercício de sua incorrência e a receita antecipada no resultado do exercício em que for realizada.



15. (CRC 2º2000) O Princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. O posicionamento para as provisões deverão observar:

a) Desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência.
b) Só podem ser registradas considerando apenas os elementos quantitativos e físicos quando houver absoluta certeza de sua ocorrência.
c) registro de provisões oriundas de estimativas são facultativas até o momento de sua ocorrência ou quando houver certeza de perda para a entidade.
d) Mesmo que precisamente estimável, o registro das variações patrimoniais não deve ser feito por não existir razoável certeza de sua ocorrência.

16. (CRC-1º/2002) Simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e de suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. Esta afirmativa refere-se ao Princípio da:

a) Oportunidade.
b) Continuidade.
c) Entidade.
d) Competência.


17. (CRC-1º/2002) A avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes. Esta afirmativa refere-se ao:

a) Principio da Atualização Monetária.
b) Principio da Continuidade.
c) Principio do Registro Pelo Valor Original.
d) Principio da Competência.

18. (CRC-2º/2002) Uma empresa comprou à vista um veículo por R$ 20.000,00, nessa data avaliado a preço de mercado por R$ 28.000,00. A empresa terá que contabilizar o referido veículo pelo valor de R$ 20.000,00 de acordo com o Princípio:

a) Da Competência.
b) Da Entidade.
c) Da Oportunidade.
d) Do Registro pelo Valor Original.


19. (CRC-2º/2002) A contabilidade de uma empresa em 31/12/2001 na conta Mercadorias registrava um saldo de R$ 10.000,00 avaliado pelo custo de aquisição, sendo R$ 4.000,00 o valor de mercado. O investimento em mercadorias deverá ser ajustado ao valor de mercado tendo em vista o Princípio Fundamental de Contabilidade:

a) Da Continuidade.
b) Da Entidade.
c) Da Prudência.
d) Do Registro pelo Valor Original.


20. (CRC-2º/2002) Um dos clientes de uma empresa teve, no exercício de 2001, a sua insolvência decretada pelo Juiz competente. A perda relativa à dívida que o referido cliente tinha com uma empresa deve ser reconhecida no exercício de 2001 de acordo com o Princípio:

a) Da Competência.
b) Da Continuidade.
c) Da Entidade.
d) Do Registro pelo Valor Original.


21. Analise as afirmativas abaixo concernentes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade – PFC.

I - O atributo quantitativo do patrimônio pode ser entendido pela natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar, máquinas, estoques etc.
II - O Patrimônio Líquido representa uma dívida da entidade para com seus sócios ou acionistas
III- O conhecimento Contábil sobre o patrimônio é estático, assim como o Balanço Patrimonial
A partir dessa análise, pode-se concluir que

A) as afirmativas I e II estão incorretas
B) as afirmativas II e III estão incorretas
C) as afirmativas I e III estão corretas
D) todas as afirmativas estão incorretas


22. Analise as afirmativas abaixo concernentes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade.
I - Todos os princípios contábeis são importantes. No entanto, ganham maior relevância os princípios da Prudência e o da Competência, em razão de sua aplicabilidade
II - Podem ser os PFC diretivas de natureza operacional
III- O cerne do Princípio da Entidade está na autonomia do patrimônio a ela pertencente
A partir dessa análise, pode-se concluir que

A) as afirmativas I e II estão incorretas
B) as afirmativas II e III estão incorretas
C) as afirmativas I e III estão corretas
D) todas as afirmativas estão corretas


23. Analise as afirmativas abaixo concernentes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade.
I - Contabilidade é uma ciência social com plena fundamentação epistemológica, entendida como o estudo do saber científico.
II - A universalidade e veracidade são atributos essenciais dos PFC.
III - Os PFC valem para todos os patrimônios autônomos, inclusive para as os pequenos empreendimentos sem registro em cartório ou na junta comercial.
A partir dessa análise, pode-se concluir que

A) as afirmativas I e II estão incorretas
B) as afirmativas II e III estão incorretas
C) as afirmativas I e III estão corretas
D) todas as afirmativas estão corretas


24. (TCE 1991) Sabendo que não tem sentido falar em Ativo e Passivo negativos, os valores que os elementos patrimoniais poderão assumir são:

a) A  0; P  0; PL 0
b) A  0; P  0; PL 0
c) A  0; P  0; PL 0
d) A > 1; P > 1; PL = 0
e) A > 1; P < 1; PL > 1

25. (TCE 1991) Tomando-se por base a equação patrimonial A - P = PL e adicionando-se um valor  ao A, essa equação será:

a) (A + ) - P = PL + 
b) (A - P)  = PL 
c) A  - P = PL - 
d) A - P +  = PL
e)  (A - P) = PL - 


26. (TCE 1991) Em relação ao patrimônio de uma entidade, é certo afirmar:

a) nenhum dos seus elementos componentes pode ter valor negativo
b) o Ativo pode ser maior do que o Passivo Exigível e a Situação Líquida juntos
c) a Situação Líquida pode ser maior que o Ativo
d) o Passivo Exigível pode ser maior do que o somatório de Ativo e Situação Líquida
e) Ativo, Passivo Exigível e PL podem ter valores iguais, mesmo que diferentes de zero

27. (TCE 1991) A equação contábil envolve os conceitos de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas, expressos de forma matemática, considerando que os elementos devedores são positivos e os elementos credores são negativos. Desse modo, considerando a natureza devedora ou credora dos elementos constantes de um balancete, pode-se dizer que a equação contábil geral é a seguinte:

a) Bens + Direitos - Passivo - Patrimônio Líquido + Receitas - Despesas = 0
b) Bens + Direitos - Passivo + Patrimônio Líquido + Receitas - Despesas = 0
c) Bens + Direitos - Passivo + Patrimônio Líquido - Receitas + Despesas = 0
d) Bens + Direitos - Passivo - Patrimônio Líquido - Receitas - Despesas = 0
e) Bens + Direitos - Passivo - Patrimônio Líquido - Receitas + Despesas = 0

28. (TCE 1991) Escreva nos parênteses “B” para bens, “D” para direitos e “O” para obrigações e assinale a alternativa correta:

(B) Automóvel, caminhão, apartamento, edificações e terras.
(O) Ordenados, impostos, contas e prestações a pagar.
(D) Aluguéis, duplicatas, carnês e contas a receber
(B) Dinheiro, jóias, marcas e patentes
(D) Clientes, devedores diversos e outros créditos
(O) Fornecedores, credores diversos e outros débitos
(O) Impostos a recolher, dividendos e lucros a distribuir

a) B-O-D-B-D-O-O
b) B-O-D-D-D-O-O
c) B-O-D-B-O-D-O
d) B-O-D-B-D-D-O
e) B-O-B-O-B-O-D

29. (TCE 1991) Se o Ativo e o Passivo de uma empresa somam R$ 50.000,00 e R$ 51.000,00, respectivamente, então, o valor do patrimônio líquido será:

a) R$ 101.000,00 positivo
b) R$ 50.000,00 positivo
c) R$ 1.000,00 positivo
d) R$ 1.000,00 negativo
e) nulo.


30. (TCE 1991) Se o passivo exigível de uma empresa é de R$ 19.650,00 e o patrimônio líquido é de R$ 9.850,00, o valor do seu capital próprio será de:

a) R$ 29.500,00
b) R$ zero
c) R$ 9.800,00
d) R$ 9.850,00
e) R$ 19.650,00



31. (TCE 1991) Uma empresa possui “passivo a descoberto” quando:

a) o seu Ativo Circulante for menor que o Passivo Circulante
b) o seu índice que liquidez seco for menor que um
c) apresentar má situação financeira
d) o seu Ativo for menor que o Passivo Exigível
e) o imobilizado for menor que o Exigível


32. (TCE 1991) O Balanço é uma peça contábil que reflete uma situação:

a) Dinâmica
b) Estática
c) Estático-dinâmica
d) positiva
e) nula ou compensada



33. (TRF - 2008) A Cia. Cruzeiro do Norte contratou uma apólice de seguro contra incêndio, para suas instalações comerciais, cujo prêmio era de R$ 28.800,00, com vigência de três anos, a partir de 1/3/2006. Deverá figurar, na rubrica Despesas do Exercício Seguinte, do balanço patrimonial da sociedade do final de 31/12/2006, relativamente a esse gasto, a importância, em R$, de

(A) 8.000,00
(B) 9.600,00
(C) 17.600,00
(D) 19.200,00
(E) 20.800,00



34. (TRF - 2008) Assinale a alternativa correta.

(A) São classificados no Passivo os bens e direitos de posse ou de propriedade da entidade.
(B) Receitas representam saídas de elementos no Ativo da entidade que impliquem aumento do PL.
(C) A diferença negativa entre o Ativo e o Passivo Exigível da entidade é denominada Passivo a Descoberto.
(D) Despesas representam saídas de elementos no Passivo Exigível da entidade que implicam diminuição do Patrimônio Líquido.
(E) Os empréstimos de longo prazo obtidos pela entidade são classificados em seu Ativo, no subgrupo Realizável a Longo Prazo.


35. (TRF - 2007) Um gasto efetuado com a aquisição a prazo de matéria-prima reduz o patrimônio líquido de uma empresa industrial na data em que

(A) ocorrer a venda do produto fabricado com utilização da referida matéria-prima.
(B) for adquirido o bem.
(C) for utilizada a referida matéria-prima no processo industrial.
(D) o bem for recebido e passar a integrar o estoque da entidade.
(E) for efetuado o pagamento.

36. (TRF - 2007) Na escrituração contábil, os saldos das contas do Ativo, do Passivo Exigível e do Patrimônio Líquido diminuem quando, respectivamente, são

(A) debitadas, creditadas e debitadas.
(B) debitadas, debitadas e creditadas.
(C) creditadas, debitadas e debitadas.
(D) creditadas, creditadas e debitadas.
(E) creditadas, debitadas e creditadas.


37. (Analista Judiciário - 2007) A Cia. Constelar, nos últimos exercícios, vem atravessando sérias dificuldades financeiras em função de dois outros concorrentes terem se instalado na mesma região, disputando um mercado que anteriormente era somente seu, gerando, em seus acionistas, preocupação quanto à sobrevivência futura da empresa. Apesar desse fato o Diretor Presidente da empresa autoriza o reconhecimento após resultados de valores recebidos por serviços a serem executados no período seguinte.Esse procedimento contraria o disposto no Princípio Contábil estabelecido pelas Normas Brasileiras da Contabilidade

(A) da tempestividade.
(B) do denominador monetário.
(C) da materialidade.
(D) da competência.
(E) do custo como base de valor.


38. (Analista Judiciário - 2007) O pagamento de uma despesa qualquer é considerado um fato contábil

(A) modificativo diminutivo.
(B) permutativo.
(C) misto diminutivo.
(D) modificativo aumentativo.
(E) misto aumentativo.


39. (Analista Judiciário - 2007) Considere os dados abaixo:
Contas Saldos (R$)
Imóvel Fabril (em uso nas atividades) ................... 10.000
Estoques ............................................................... 6.000
Vendas .................................................................. 5.000
Ações de Coligadas .............................................. 40.000
Caixa ..................................................................... 8.000
Bancos Conta Movimento ..................................... 50.000
Adiantamento a Coligadas .................................... 35.000
Fornecedores Locais............................................. 20.000
Fornecedores Estrangeiros ................................... 15.000
Com base nesses dados, o valor do Ativo Circulante, em R$, é

(A) 78.000
(B) 75.000
(C) 68.000
(D) 64.000
(E) 53.000

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As Relações de Consumo e a prática contábil: uma relação inerente

É inegável que as relações de consumo se alteram nas últimas décadas, o advento da internet aliado ao acesso fácil à compra tornaram o ato de consumir uma prática que não exige muitos esforços, porém as relações contábeis que se estabelecem nesse contexto continuam as mesmas dentro das organizações. Obviamente que os instrumentos para se contabilizar entradas e saídas evoluíram, as pilhas de livros que antes se avolumavam nos escritórios contábeis, hoje se resumem em memórias HD e softwares avançados.
Diante desse exposto e do reconhecimento que a contabilidade é uma ciência econômica e gerencial em que suas práticas estão arraigadas ao crescimento e evolução da sociedade é que se propõe nesse artigo estudar a contabilidade sobre a luz do crescimento econômico, social e comportamental da sociedade.
Do início das práticas contábeis iniciada por Luca Pacioli, até dos dias atuais o mundo e inerentemente a contabilidade sofreram mudanças, uma vez que a essa “relata a essência dos eventos econômicos que captura e mede”, como afirma Carvalho, Martins, Iudícius (2005) ou seja a contabilidade acompanha as evoluções sócio econômicos do mundo atual e não somente a escritura a transforma em informação, Monteiro (1979, pag7) reafirma o exposto ao dizer que “ o mundo da contabilidade é o mundo do homem”.
É a partir desse viés que é possível perceber a relação estreita existente entre a contabilidade e a as relações sociais, principalmente as relações de consumo. Quando se lê a respeito da evolução da contabilidade essa afirmação fica ainda mais proeminente, pois um dos motivos para o surgimento dessa ciência está relacionado ao fato de que os mercadores já não tinham mais como armazenar e processar todas as informações pertinentes ao seu negócio, o que resultou na necessidade de um processo que pudesse contabilizar as informações de forma ordenada e coerente.
“A Contabilidade surgiu como necessidade imperiosa de se criar um conjunto de processos práticos destinados a suprir a memória dos mercadores a partir do momento em que ela se mostrou incapaz de fixar e de reproduzir com absoluta fidelidade, em qualquer momento, as quantidades e valores das mercadorias por eles vendidas a crédito Lopes Amorim, 1968: 9.”
Seguindo o mesmo raciocínio da evolução da contabilidade é que se faz necessário pensar como é importante a prática contábil estar alinhada a evolução do mercado de consequentemente aos novos hábitos de consumo.
Se uma empresa há vinte anos para comprar um maquinário de outro país tinha que ir a esse país para conhecer o equipamento, hoje com apenas uma tela e acesso a internet esse processo ocorre de maneira rápida e sem grandes custos, esse é apenas um dos exemplos possíveis para serem citados, nesse momento em que esse artigo está sendo digitado, milhões de negócios on line estão sendo fechados em uma fração de segundos. E quem irá contabilizar, escriturar todos esses processos?
A mesma ciência contábeis criada por Luca Pacioli é quem vai interpretar esses dados e transformar em informação, porém a forma de contabilizar mudou, os softwares, a maneira de repassar os relatórios aos clientes, a relação com os contadores evoluiu. Hoje grande parte dos escritórios de contabilidade encaminham e-mail, comunicam suas ações via web, o que muda substancialmente a relação entre cliente e contadores.
Além dessa evolução digital é possível dizer também que houve uma agregação de valor à prática contábil, uma vez que se reconhece que essa possibilita as empresas a terem acessos a relatórios para análise de desempenho, para previsões de investimentos, como diz Carvalho, Martins, Iudícius (2005)
“O caráter preditivo da contabilidade alcançou tal relevância que no mundo dos mercados de capitais, é pacífico o entendimento de que as demonstrações contábeis servem, primariamente e fundamentalmente, para auxiliar a prever fluxos futuros de caixas”

Retomando ao que Monteiro (1979, pag7), é fato que a Ciência Contábil é a ciência que sempre andará de mãos dadas com a evolução da humanidade e toda a sua complexidade, permitindo assim que as empresas tradicionais, virtuais e tantas outras que possam vir a surgir acompanhem e monitorem seus processos contábeis.
Carine Maria da Silva

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Preparando-se para a Profissão do Futuro

Talvez, se chamasse este texto de profissão do futuro, um leitor que não é da área contábil poderia discordar dele e até não lê-lo. Ele poderia indagar que essa profissão é uma das mais antigas que existe; poderia dizer que estereótipo da imagem desse profissional em nossa sociedade não é o melhor possível (aparentemente não muito criativo, talvez um pouco tímido e, em alguns casos extremos, até com suspeita de ausência de idoneidade profissional). A despeito de qualquer juízo já concebido, rogaria ao leitor que lesse este artigo até o fim e fizesse um novo juízo, não olhando basicamente o momento que vivemos mas projetando uma nova realidade que é emergente, inquestionável e irreversível.

Os historiadores dizem que a Contabilidade já existia há pelo menos quatro mil anos a. C. Eu diria que ela existe desde o início da civilização humana, pois, se a Contabilidade mensura riqueza e o homem (a razão da existência dessa ciência) é ambicioso por natureza, ainda que de modo muito precário, ela acompanha esse homem ambicioso desde o princípio. Veja casos na Bíblia, como os de Jó, Jacó e outros, que tiveram a sua riqueza avaliada, bem como a variação dessa riqueza.

Considerando o fim da escrituração tradicional em função dos meios eletrônicos; as críticas que o profissional contábil sofreu temporariamente em função dos escândalos dos bancos Econômico e Nacional ; e o estereótipo, superficialmente abordado desse profissional, parece loucura iniciar este artigo com o título tremendamente ousado: " preparando-se para a profissão do futuro”. Todavia, navegue comigo nessa aventura de descobrir algumas facetas muitas vezes ocultas dessa profissão.

Em primeiro lugar, precisamos entender que a imagem dessa profissão no Brasil ou em países subdesenvolvidos (ou em desenvolvimento) está muito aquém que nos países desenvolvidos. A certificação do contador na Inglaterra é dada pela rainha. Nos Estados Unidos, se você perguntar qual a vocação que alguém quer para seu filho, aparecem as profissões de médico, advogado e contador. Em alguns estados americanos o contador é o mais bem remunerado entre as profissões liberais. Lá, os auditores são uma classe privilegiada, ganham uma fortuna, jogam golfe e são muito respeitados. Isto acontece em outros países desenvolvidos.

No momento, no Brasil, não vivemos esses privilégios. Mas, na verdade, eles estão chegando e dentro de muito pouco tempo surpreenderão a muitos. Em meu livro Contabilidade Empresarial, publicado pela Editora Atlas SA, inicio dizendo que, ao contrário de outras profissões, a Contabilidade oferece um leque de pelo menos dez alternativas diferentes de exercício profissional. Farei menção de algumas dessas alternativas.

Na verdade, na área de negócios a linguagem universal é a Contabilidade. Assim, como muitas pessoas querem aprender inglês como um idioma internacional para se comunicar, é mister se conhecer a Contabilidade para se comunicar no mundo dos negócios.

Temos hoje um pouco mais de 100.000 contadores registrados em Conselhos Regionais em todo o país (os Estados Unidos formam 50.000 novos contadores a cada ano). Considerando que nosso universo de empresas chega a quase 4,5 milhões, podemos obter um quociente de um profissional habilitado para cada 45 empresas. Em sentido meramente algébrico, cada contador que se forma teria 45 empresas aguardando seus serviços.

Poderíamos argumentar que o contador enfrentaria a concorrência dos técnicos em contabilidade (em torno de 220.000) e dos escritórios de Contabilidade; que o Imposto de Renda dispensa grande parte das empresas de fazer Contabilidade e que poucos estariam interessados em fazer os relatórios contábeis. A resposta é muito simples:.as empresas estão percebendo que, sem uma boa Contabilidade, não há dados para a tomada de decisão numa economia que a cada dia exige mais competência e competição; que os técnicos e escritórios de maneira geral estão mais voltados para a avalancha de guias fiscais, legais, não tendo aptidão, salvo algumas exceções, de enfatizar primordialmente os relatórios para a tomada de decisões; que a empresa precisa de profissionais que ajudem no processo decisório, interpretando as informações e não " de serviços de despachantes contábeis" ou, exclusivamente, escrituradores (passando essa tarefa para o computador); que a dispensa da escrituração contábil pelo Imposto de Renda (ausência dessa escrituração contábil formal facilita o ilícito fiscal) é uma faca de dois gumes, pois, sem controle, não há saúde financeira. Assim, o contador, em sua nova função, tem muito espaço pela frente, como o "médico de empresas".

Não se admite hoje uma empresa, independentemente de seu tamanho (até mesmo a microempresa), sem custos. Na época de inflação alta, toda a ineficiência e incompetência eram jogadas no preço. Hoje, com estabilidade monetária, a margem de lucro reduziu sensivelmente e só com uma boa administração de custo se pode pensar em sobrevivência. Assim, a Contabilidade Financeira, a de Custos e a Gerencial têm, mais do que nunca, um espaço garantido. Sem uma boa Contabilidade, a empresa é como um barco em alto mar, sem bússola, à mercê dos ventos, quase sem chance de sobrevivência, totalmente à deriva.

Holland (1) divide a carreira de contabilista em três níveis: Nível I - Técnicos em Contabilidade e assistentes de contador; Nível II - Contador geral, contador de custos e auditor; Nível III - Contador gerencial e executivo em Auditoria. Para o autor citado, no Nível III, a remuneração é bem acima de R$ 100.000 anuais.

Dentro da Contabilidade Financeira, as especializações, como Contabilidade Rural, Contabilidade Hospitalar, Contabilidade Imobiliária etc. e os "casamentos" Contabilidade e Informática, Contabilidade e Direito Tributário etc., são excelentes opções para essa mudança de milênio.

E quanto ao auditor? Segundo o professor e contador Stephen Charles Kanitz, não existe corrupção no Brasil. O país ressente-se, isto sim, da falta de auditores e de auditoria. Somos talvez o país menos auditado do mundo. Por exemplo, existe aqui um auditor independente para cada grupo de 25.000 habitantes. Na Holanda, há um auditor independente para cada 900 habitantes; na Grã-Bretanha, um para cada 1.300 habitantes; nos Estados Unidos, um para cada 2.300. Quase todas as empresas nos países desenvolvidos são auditadas. No Brasil, somente 3.000 empresas (das quase 4,5 milhões existentes) estão sujeitas a auditoria obrigatória. Já existem projetos para mudar este quadro e, certamente, antes da virada do século teremos muitas empresas procurando auditores externos. A nova proposta da Lei das Sociedades por Ações obriga para todas as grandes empresas, independentemente do tipo societário, a serem submetidas a auditoria externa. Certamente, ainda neste século, haverá uma grande demanda por esse profissional.

Por outro lado, a auditoria interna, que, segundo o Conselho Federal de Contabilidade (2), é a opção de 9% dos contadores brasileiros, cresce assustadoramente, principalmente na área de auditoria de gestão, em que se examina o desempenho administrativo dos gestores da empresa.

Nunca foram vistas tantas causas judiciais envolvendo empresas no Brasil como no momento. Quase todos os processos requerem a pessoa do perito contábil, que, assim como o auditor, é de competência exclusiva do contador. Com a terceirização, as empresas buscam os consultores contábeis (em diversas áreas de especialização) que substituem com vantagens o empregado permanente. Em recente divulgação do Sebrae (3), 70% das pequenas e microempresas que entram em contato com a instituição para a obtenção de crédito, não dispõem de condições para receber financiamento, necessitando de consultoria contábil para reduzir seus custos financeiros. O analista financeiro (de mercado de capitais, de crédito e de desempenho da empresa) é cada vez mais procurado no mercado. Bolsa de Valores é melhor negócio dos últimos 20 anos.

Para preparar essa demanda enorme de contadores, são necessários docentes e pesquisadores. E aqui encontramos grandes nichos no mercado. Temos hoje apenas 250 mestres em Contabilidade enquanto os Estados Unidos formam 6.000 a cada ano. Temos só 55 doutores (para mais de 330 cursos supeirores de Contabilidade), enquanto os americanos formam 220 novos doutores por ano, não conseguindo, assim mesmo, atender a sua demanda. Os livros didáticos estão nas mãos de menos de meia dúzia de autores e atendem mais de 90% das instituições de ensino. Revistas e boletins são raríssimos pela escassez de autores. Há verbas disponíveis para pesquisas contábeis, porém são “moscas brancas” os pesquisadores. Muitas universidades querem introduzir mestrados e doutorados (com bons salários), mas não há ofertas de docentes e pesquisadores no mercado. Praticamente, não há autores, docentes de carreira e pesquisadores disponíveis. A demanda por docentes titulados e pesquisadores tem-se intensificado após a iniciativa do Provão, a ponto de existir instituição de ensino superior que propõe remuneração ao docente doutor de cinco aulas por cada aula dada.

Os dados estatísticos mostram que os graduados em Contabilidade têm um índice maior de aproveitamento nos concursos públicos em áreas afins que outros graduados. Muitos concursos vêm por aí. Em 1970, o Brasil tinha 20.000 fiscais na Receita Federal. Hoje, fala-se em 5.500 para controlar todas as fronteiras, litoral, aeroportos e portos, milhões de empresas e 30 milhões de contribuintes. Diversas áreas estão nessa situação no setor público. Não bastasse tudo isto, é notório o desempenho do contador em cargo administrativo, pois é homem que normalmente mais conhece a empresa.

Outros aspectos interessantes da perspectiva profissional nessa área poderiam ser abordados. Todavia, analisando a História, chegamos à Era da Informação, e do Conhecimento. Começamos com uma sociedade primitiva (caça e pesca), passamos para uma sociedade agrícola e há 250 anos atingimos a sociedade industrial que parecia ficar para sempre. Não aconteceu. Vemos uma revolução na sociedade que concentra sua atenção em um novo recurso que é a informação. A Contabilidade, por excelência, é uma ciência de informação.

Temos hoje 330 cursos superiores de Ciências Contábeis no Brasil. Há em torno de 250 processos (pedidos de instituição de ensino superior) solicitando abertura de novos cursos de Contabilidade no MEC. Isto mostra que os "empresários" do ensino superior visualizam um futuro promissor para a profissão contábil.

Por outro lado, novas perspectivas profissionais vão surgindo, como, por exemplo, a de Investigador Contábil (profissional que investiga fraudes, o lado podre das empresas), a Contabilidade Ecológica, a Auditoria Ambiental, a Contabilidade Estratégica, a Contabilidade Prospectiva (voltada para cenários e procedimentos futuros), o empresário contábil com um novo perfil etc

Em pesquisa recente (4) que revela o perfil do fraudador nas empresas, detecta-se que 43% fraudam por apropriação indébita, sendo que Caixas, Bancos e Estoques são os itens mais visados. As empresas norte-americanas perdem cerca de US$ 9,00 por dia devido a fraudes. Esse tipo de ação ilícita consome dezenas de bilhões de dólares por ano naquele país. As perdas das empresas podem chegar até 6% de seu faturamento com fraudes. Por aí, é possível ter uma idéia do campo de trabalho para o Investigador Contábil, área ainda quase inexplorada pela profissão. Nos Estados Unidos e Europa, é rotina fazer o trabalho de investigação contábil duas vezes por ano; portanto, essa especialização profissional é bastante conhecida. No Brasil, temos ainda menos de 30 profissionais nessa área, com a remuneração em torno de R$ 100,00 por hora

O Novo Perfil do Profissional Contábil

Diante deste quadro sensivelmente favorável, alguns aspectos preponderantes deveriam ser considerados no planejamento profissional. É comum ouvir dizer hoje que 1) o emprego duradouro está perto do fim; 2) fala-se muito, dentro da profissão contábil, sobre administração de conflitos (em poucas profissões vamos encontrar tantos conflitos como na de contador), sobre inteligência emocional, isto é, saber lidar com emoções, empatia, facilidade em se relacionar com outras pessoas.

Neste segundo enfoque, saber lidar com pressões, frustrações, ser integrado e, principalmente, saber criar empatia com os outros, evitando julgamentos críticos baseados em sensações e não em fatos, alavancam a carreira de qualquer pessoa, em qualquer área de atuação. Investir na inteligência emocional é indispensável no mundo moderno.

No que tange à nova tendência do fim do emprego duradouro, o profissional contábil é levado a administrar sua própria carreira. Requer o fato de estar atento para as oportunidades de mercado, descobrir os nichos existentes e investir em marketing pessoal (muito mal cuidado, diga-se de passagem, pelos profissionais contábeis).


O emprego assalariado no Brasil está acabando. Até 1980 (5), de cada 10 ocupações criadas pelo mercado de trabalho, oito eram assalariadas (sendo sete com registro em carteira e uma sem registro). As outras duas eram de trabalho por conta própria, incluindo os sem-remuneração e os empregadores. De 1989 a 1995, de cada 10 novas ocupações, duas eram assalariadas, e oito não assalariadas (cinco por conta própria e três sem remuneração). Essa tendência de redução do trabalho assalariado com registro é ainda mais acentuada na profissão contábil.

A idéia de "empregabilidade" é transformar cada profissional em administrador da própria carreira. Em certo sentido é o fim dos compromissos com a empresa e o início das responsabilidades com a administração pessoal de sua carreira. Assim, cada profissional se transforma em uma empresa e passa a administrar a própria profissão como um produto que precisa ser vendido no mercado.

De certa maneira, o empresário contábil, aquele que presta serviços para terceiros por meio de uma infra-estrutura pessoal ou de um escritório, já vem fazendo isto: sai de cena o patrão único e surgem diversos clientes. Entendemos, todavia, que, de maneira geral, isto tem sido feito de forma amadorística, sem investimento em marketing para garantir uma "boa marca ".

A Marca do Profissional

Pode-se dizer que as empresas estão constantemente diante de inúmeros desafios e que há necessidade de muita competência, habiilidade, marketing pessoal e criatividade do profissional contábil para superar as expectativas do cliente.

Para melhorar o marketing pessoal dever-se-ia pensar em ser executivo-chefe de si mesmo. Nós, pessoas físicas, somos uma empresa e precisamos ter nossa marca. Precisamos de marketing pessoal para fazer negócios. Como agentes livres que a profissão e a economia nos proporciona, temos chances de nos destacar, ter uma marca registrada.

Não são só os produtos que se vendem pela marca. Quando você tem um caso grave de saúde, procura um médico de marca; na área jurídica busca um advogado de marca; para uma auditoria ou avaliação de uma empresa, um nome conhecido é indispensável. É interessante que o patrimônio físico, o ativo tangível, parece já não ter peso como alguns anos atrás, surgindo o intangível, principalmente a marca, como ponto fundamental.

É preciso definir exatamente a área de acão, a especialidade, criar uma mensagem e uma estratégia para promover a marca pessoal. Destacar cuidadosamente o que o seu serviço se diferencia dos outros. A marca deve encantar o cliente. Deve ficar claro qual o benefício que se trará para o cliente. O prestador de serviço deverá acrescentar valor mensurável para seu cliente. As pessoas deverão elogiar o profissional, e o marketing boca a boca estará iniciado.

No que tange à Contabilidade, pode-se dizer que ela só é útil se acrescentar valor, se seu benefício for mais representativo que o custo de fazê-la. Assim, a prestação de seviços fiscais, aspectos burocráticos como fim, nunca acrescentarão valor. Deixe que os menos ambiciosos façam isto.

Dar aulas, palestras, escrever em jornais da região, participar de debates, ter uma "home page" na Internet, ter logotipo moderno em seu cartão, alimentar redes de amigos influentes, ter um bip, usar seu poder de influência podem, entre outras coisas, ser fundamental para se construir o marketing pessoal.

Tom Peters (6) faz algumas perguntas interessantes para que você avalie sua marca: "Você sempre entrega o trabalho dentro do prazo? Seu cliente interno ou externo recebe um atendimento confiável que satisfaz as suas necessidades estratégicas? Você antecipa e resolve os problemas antes que eles se transformem em crises? Seu cliente poupa dinheiro e dor-de-cabeça pelo simples fato de contar com você na equipe? Você sempre completa seus projetos dentro do orçamento previsto? (não sei de nenhum cliente de uma firma de serviços profissionais que não vire uma fera quando os custos excedem o orçamento previsto) ". Eu ainda acrescentaria uma pergunta: "seu cliente acha você ético?"



Quando há "solidariedade" de qualquer profissional num processo espúrio, como por exemplo a sonegação, parece que o prestador de serviço está agradando o cliente. Mas saiba que o cliente, até mesmo inconscientemente, tem uma imagem ruim desse profissional. Imagine aquela prática antiga (felizmente, parece que já não existe mais) em que um funcionário público era subornado para desembaraçar um documento, ou adiantar um papel emperrado na burocracia. Os beneficiados estimulavam essa atitude, mas, certamente, não a aplaudiam. Será que o beneficiado faria uma parceria empresarial com esse funcionário? Certamente, não. Ninguém gosta dessas atitudes, nem mesmos os beneficiados. A marca fica comprometida em atitudes desse tipo.

Foco no Cliente

Por outro lado, parece que, de maneira geral, os profissionais contábeis brasileiros têm dificuldade em adaptar-se a "era do cliente". Os slogans "o cliente em primeiro lugar" ou "o cliente sempre tem razão" ou "o cliente satisfeito sempre está disposto a nos remunerar melhor" ou "o usuário (cliente) da Contabilidade é a pessoa mais importante no mundo contábil" ainda não têm causado a ressonância desejada na classe contábil brasileira.

Algumas perguntas podem direcionar-nos para a conclusão de que, geralmente, os profissionais contábeis, principalmente os voltados para micros, pequenas e médias empresas, não têm centrado sua prestação de serviços no principal usuário da Contabilidade, ou seja, o administrador, o gerente, o sócio-gerente que administra seu negócio:

- A prestação de serviço contábil tem sido totalmente voltada para o cliente (customer-driver), o principal gestor, a pessoa que toma decisão na empresa?

- O profissional contábil ou a empresa que presta serviços de Contabilidade faz regularmente pesquisas de opinião com o principal cliente (usuário da Contabilidade), exatamente aquele que remunera a prestação de serviços?

- Esse profissional ou empresa tem uma forma especial de ser ou de pensar que propicia a definição de cada iniciativa de acordo com a vontade do cliente?

- Na definição da hierarquia dos usuários, o prestador de serviço contábil tem absoluta certeza de que os poderes dominantes (governo, fisco, instituições financeiras ...) não podem influenciar na qualidade das demonstrações contábeis que servirão de base para o principal cliente da Contabilidade?

- Em função dos padrões modernos e das exigências do principal usuário da Contabilidade, o prestador de serviço contábil está disposto a passar por uma mudança fundamental de crenças e valores em sua cultura?

- A universidade (considerando o curso de Ciências Contábeis) tem pesquisado em sua região o perfil ideal de profissionais a serem formados considerando a demanda, os anseios do principal cliente da Contabilidade?

- Essa mesma universidade tem reavaliado o currículo e/ou curso em relação ao feedback obtido junto dos egressos (ex-alunos) e aos usuários dos serviços contábeis desses egressos?

- O prestador de serviço contábil é um aliado no sucesso de seu cliente: ajuda-o na redução de custos, no melhor perfil de endividamento, nos avanços tecnológicos, no encurtamento do ciclo de produção, no aumento da qualidade, rentabilidade, na fatia de mercado? Esse prestador de serviços tem-se reunido com o cliente para tratar desses assuntos ?

Se a maioria das respostas for "sim", há tendência em focalizar o principal usuário da Contabilidade (o cliente).

Em recente pesquisa feita pelo Conselho Federal de Contabilidade em 1995/1996 (2), apenas 1,98% dos contadores está interessada de forma direta em contribuir para o crescimento dos clientes.


Qualquer tipo de serviço que não acrescentar valor e/ou satisfação ao cliente não perdurará nos dias de hoje. De maneira geral, serviços excessivamente voltados para a escrituração, ênfase fiscal, serviços burocráticos etc, não agregam valor, não aumentam riqueza do cliente e, consequentemente, não podem trazer satisfação. A Contabilidade é um processo para servir e satisfazer ao cliente e não para a satisfação do criador ou idealizador de métodos contábeis.

Geralmente, parece que, em termos de cultura brasileira, não se levam muito a sério as necessidades do cliente. Como exemplo podemos citar a seguinte afirmação : "No Brasil, o empreendedor olha para o próprio umbigo ao escolher onde investir seu dinheiro: o que eu sei fazer, o que eu vou vender, o quanto eu posso ganhar. Desde a década de 60, a maioria das inovações mercadológicas americanas obedece um parâmetro básico: uma necessidade desatendida do consumidor. Novos produtos e serviços, portanto, estão quase sempre ligados ao esforço de satisfazer demandas, desejos e caprichos do cliente. É nisso que o empreendedor americano pensa ao perscrutar oportunidades de mercado "(7).

Diversas situações poderiam aqui ser destacadas sobre como no Brasil se tem maltratado o consumidor. Uma grande empresa automobilística manteve por quase 40 anos, sem praticamente nenhuma alteração, a sua perua Van, sendo que as famílias grandes, ainda que tivessem poder aquisitivo para adquirir um automóvel maior, amargaram um transporte próprio de quinta categoria (que chamar de carroça, como o ex-presidente Collor fez, era um elogio !). Se se quiser tomar um táxi para um aeroporto de uma cidade satélite (como é o caso de Guarulhos), o passageiro precisa pagar quase o dobro, pois o taxista não pode pegar passageiro para o retorno (que "se dane" o consumidor, o importante são as regras imbecis !). Por outro lado, as Vans americanas e japonesas são veículos extremamente confortáveis e modernos, a um preço bastante baixo. Uma Limosine do aeroporto JFK até o centro da cidade vizinha, New York, é muito mais barata que um táxi de São Paulo a Guarulhos.

Esses são exemplos típicos do desprezo ao consumidor. Poderíamos dizer que a Contabilidade brasileira também tem maltratado seus usuários (clientes)? Normalmente, sim e, se não mudarmos o foco para o cliente principal, nossa imagem, marca, sucesso ficarão comprometidos. A profissão do futuro está diretamente ligada à solução dos problema dos consumidores. Para isto, é necessário ouvir o cliente, comportamento este que, como regra geral, a classe dos contabilistas não tem tido. Creio existirem algumas explicações para isto.

O berço da Contabilidade é a Itália. No século XV, o cenário mundial da Contabilidade era a Itália. Praticamente, durante quatro séculos, esse país foi o grande formador da doutrina contábil, perdendo a primazia para os norte-americanos nos primórdios deste século.

Se há um fator preponderante na mudança do cenário mundial da Contabilidade da Itália para os Estados Unidos, certamente, este fator foi o foco no cliente, no usuário principal da Contabilidade.

Enquanto na Itália havia exagerado culto à personalidade, ou seja, aos grandes teóricos da Contabilidade, nos Estados Unidos o usuário era consultado, sendo proporcionado a ele a manifestação de seus anseios em relação às informações contábeis. Essa manifestação dos usuários estimulava o desenvolvimento da Contabilidade Gerencial, que se contrapunha à ênfase teórica dos italianos.

Quando o foco está nos grandes estudiosos (gênios) da Contabilidade, a Auditoria tem papel secundário. Todavia, quando o usuário é o centro das atenções, a Auditoria desenvolve-se, ganha papel proeminente. Auditoria continua sendo a ênfase maior no cenário mundial da Contabilidade, que são os Estados Unidos.

Este novo cenário mundial da Contabilidade coloca como objetivo principal da Contabilidade propiciar ao usuário avaliar a situação econômica e financeira da entidade, em sentido estático, bem como fazer inferências sobre a tendência futura. A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade (8) afirma que "os objetivos da Contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como elementos importantes para o seu processo decisório. Não tem sentido ou razão de ser a Contabilidade como uma disciplina neutra, que se contenta em perseguir esterilmente sua verdade ou beleza. A verdade da Contabilidade reside em ser instrumento útil para a tomada de decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade".

Voltando ao Brasil, parece-nos que ainda não absorvemos essa realidade. Uma mistura forte de influência da escola contábil italiana e de imposições governamentais têm conduzido os profissionais contábeis a darem um tratamento no mínimo criticável ao cliente, fazendo com que este geralmente não esteja satisfeito com o nível do serviço prestado e, consequentemente, proporcionando uma imagem duvidosa para a profissão. Por um lado, não exercitamos em profundidade o lado dogmático da escola contábil italiana (embora, a nosso ver, isto não seja desejável) e, muito menos, o lado pragmático da escola contábil americana.

Portanto, o foco no cliente é indispensável para o sucesso do profissional. Uma postura arrojada, rompendo o mito de que nós sabemos definir o que o cliente precisa e assumindo a necessidade de pesquisa em que o cliente revele suas necessidades trará grandes benefícios para a profissão.

Por fim, concluie-se que as perspectivas da profissão realmente são extraordinárias, mas nada vai acontecer sem um planejamento adequado. Nos dias que seguem, as empresas serão vistas como clientes (ou, quem sabe, parceiras); os profissionais como fornecedores de serviços, exigindo-se por parte destes diversas ênfases: competência, profissionalismo, inteligência emocional e marketing pessoal (ver o mundo como um mercado e as pessoas em volta como clientes).

Certamente a idéia de "empresário da Contabilidade" será estimulada, mas com uma "cara" muito diferente do que se tem visto no momento.

Para aqueles que pretendem se manter com vínculo empregatício por um bom tempo ainda, é importante lembrar que se vive na base de um novo vínculo entre empresa e empregados. Com a globalização caíu o velho vínculo que trocava a lealdade do funcionário por segurança no emprego. Diante da necessidade de competitividade, reestruturação, pelo impacto da tecnologia, reengenharia, downsising e outras iniciativas das empresas, essas não hesitaram em demitir empregados que julgavam estar seguros, confortáveis, rompendo assim um grau de confiança entre as duas partes.

Com o fim do emprego garantido, descobre-se o fim da lealdade, da submissão cega, da obediência permanente dos funcionários. Hoje os colaboradores querem cada vez mais transparência da empresa no sentido de melhor conhecer a sua visão, sua estratégia, sua missão e valores. Por outro lado cabe aos colaboradores estarem investindo no seu talento, sabendo que não se permanecem mais "eternamente" numa mesma empresa. .

Prof. José Carlos Marion

ARTIGOS

A gestão estratégica de custos e a sua interface com a contabilidade gerencial e a teoria da contabilidade: uma análise sucinta

Tem sido inegável o sucesso, na esfera gerencial, dos conceitos e técnicas de gestão estratégica de custos. Isso tem chamado a atenção para a contrapartida que a Contabilidade forçosamente precisa dar, para não ficar atrás dos avanços ocorridos nas empresas na área de qualidade total, na busca pela competitividade e maior eficácia nos negócios.

Autores tradicionalistas têm se insurgido contra os progressos e aperfeiçoamentos de conceitos, técnicas e métodos como os do Life-Cycle Costing, Target Costing, ABC Costing, etc., sob as premissas mais variadas, algumas com certa dose de razão, alguma que não a de ser “do contra”,
simplesmente, mormente se “as novidades” são originárias, direta ou indiretamente, de autores Norte Americanos, uma verdadeira fobia de que alguns contadores são portadores.

O mais interessante é que as empresas de ponta, embora com cuidados, estão, cada vez mais, adotando tais procedimentos porque, reconhecidamente, melhoram a qualidade dos indicadores contábeis, dando condições para diminuir custos desnecessários (que não agregam valor), aumentando os lucros. Felizmente, as empresas e entidades progressistas, aparentemente, não perdem tempo atrás de discussões acadêmicas, pelo menos aquelas que não têm compromisso com o progresso da disciplina e da profissão.

Feitas estas premissas, é interessante, todavia, enquadrar o que se denomina de Gestão Estratégica de Custos num arcabouço mais amplo, qual seja:
a) O Sistema de Informação Gerencial (o denominado EIS - em linguagem de sistema - “Enterprise Information System”);
b) Conceitualmente, explorar alguns conteúdos teóricos mais aprofundados.
O Sistema de Informação Gerencial, com sua seqüência mais importante que poder-se-ia denominar de Sistema de Decisão Gerencial (o EDS - “Enterprise Decision System”) é, evidentemente, um terreno mais amplo, fértil de per si, em que o sistema de Gestão Estratégica de Custos não apenas se agasalha, como serve de fertilizante para o EIS.

As medidas e indicadores de resultado são mais globalizantes e, no final, mais importantes do que, meramente, as medidas de custo, por mais modernas que estas possam ser. Resultado em termos de uma concepção mais atualizada de avaliação, é um conceito (e posteriormente uma mensuração) muito mais amplo do que um lucro contábil (sem diminuir a importância desse), para englobar os mais variados indicadores de “performance” da entidade, conforme Kaplan já havia prognosticado, às vezes em forma de quocientes, relacionando não apenas valores financeiros no numerador e denominador, mas também financeiros com físicos e físicos com físicos (os verdadeiros
quocientes de produtividade).

Uma concepção tão ampla de Painel de Indicadores Gerenciais (como sempre gostei de fazer analogia entre o EIS e o Painel de indicadores e instrumentos de um grande avião), vai muito além do restrito, embora importante, quadro de indicadores de custo, obviamente.

Dos EIS mais integrados que se tem conhecimento no mercado (como o Triton da BAN), depreende-se a importância que, os que desenvolveram o sistema, atribuíram aos indicadores de desempenho, das mais variadas funções.
Fornecer a possibilidade de mensuração de “n” indicadores, todavia, não é suficiente: é preciso inserir uma comparação entre nível desejado (orçado) para tais indicadores e os efetivamente obtidos, bem como inserir no sistema uma central de alarme toda vez que o nível de um indicador importante estiver fora, sensivelmente, dos parâmetros desejados.

Esse sistema integrado citado (e outros) deixa bem claro sua globalidade, em que o custo é apenas uma parcela do todo, muito mais amplo. É evidente que, num ambiente competitivo, em que o preço é dado pelo mercado ( não mais podendo-se dar ao luxo de adicionar uma margem de lucro sobre qualquer custo que tivesse sido incorrido), o fator custo ( o “target cost”) ganha um realce extra, no sentido de que a lucratividade e a própria continuidade do empreendimento, estão muito condicionados à eliminação ou pelo menos redução dos custos que não adicionam valor.

É por isso que tais conceitos e técnicas foram “promovidos” ao nível estratégico, pois têm a ver com a própria continuidade do empreendimento, quando até pouco tempo atrás, custo era, no Brasil, aquele valor a que se chegava, independentemente dos desperdícios e ineficiências, e sobre o qual se “jogava” uma margem de lucro. Depois, era só comparecer perante o CIP (Conselho Interministerial de Preços) e tentar “justificar” os custos, perante economistas, alguns dos quais nada entendiam (e, o que é pior, estavam convencidos de que entendiam) de custos contábeis.

Mas, apesar de toda esta relevância da GEC ( Gestão Estratégica de Custos), é inegável que uma visão mais ampla do sistema de Informação Gerencial Global da empresa é importante. A própria definição de lucro estaria em jogo, devendo ser ampliada para um conceito econômico, como propõem os defensores do GECON, um sistema conceitual e de apuração mais amplo, desenvolvido por professores da FEA/USP.
Deseja-se, por outro lado, fazer algum tipo de aprofundamento sobre alguns aspectos conceituais da GEC, principalmente face à boa doutrina contábil.Em primeiro lugar, é importante deixar bem claro que, o que mais importa, na realidade, é a qualidade da prática contábil. A doutrina tem sua grande importância, é bem verdade, quando ajuda a entender melhor e a explicar a prática, eventualmente quando consegue projetar estruturas conceituais que se antecipam à prática (mas que devem ser validadas pelos experimentos reais).

Uma boa teoria também é importante (conforme assinalei no artigo “O Verdadeiro Significado de Uma Teoria Contábil”, in RBC, no. 96), quando ajuda a predizer eventos (melhor dizendo resultantes) futuros, dados certos insumo informacionais. Assim, o Custeamento Baseado em Atividades apresenta inegáveis vantagens sobre os critérios mais tradicionais, pois chama a atenção para os “direcionadores” de custos, bem como consegue atribuir os custos indiretos aos produtos de forma a espelhar a utilização de capacidade por parte dos produtos de maneira muito melhor do que o tradicional rateio de custos indiretos calculados numa base de volume de atividade único, mesmo que utilizando várias taxas departamentais. (Para um exemplo bem simples, reportem-se ao último capítulo de nosso livro “Contabilidade Gerencial”, em sua última edição.

Apesar de todas as vantagens, ainda assim, o “ABC costing” não deixa de ser um custeio por absorção, com algumas das desvantagens gerenciais, para tomada de decisões de curto prazo, que tal tipo de custeio apresenta. Não pode ser utilizado, principalmente em decisões do tipo fabricar x adquirir, no cálculo de configurações gerenciais que necessitem de um conceito simples de
margem de contribuição etc. Entretanto, se se analisar a problemática sob o ponto de vista de uma teoria contábil visando principalmente o usuário externo à empresa, nunca esta teoria privilegiou custeamento direto para avaliação de ativos. Ao contrário, ativos baseados em custeio de absorção têm, via de regra, muito mais precisão como estimadores da verdadeira potencialidade econômica do ativo do que sua representação apenas pelos custos variáveis.
Um estoque não vale apenas seu custo variável (da mesma forma que não vale seu custo total mais a margem de lucro, a não ser quando efetivamente vendido).
Nesse aspecto quem poderia invalidar teoricamente o ABC se, além de ser um custeio integral, ainda é muito melhor do que o tradicional? Resumindo, seria interessante fazer as seguintes considerações:

- Uma visão ampla do Sistema de Informação Gerencial é essencial para extrairmos todas as potencialidades do painel de indicadores contábeis, dos quais os de custo são apenas uma parte, importante embora;
- pouco adianta afirmar que nem tudo do que se apregoa como “novos” conceitos e técnicas de custeio não é tão novo assim, pois algumas empresas de ponta já praticavam tais técnicas e procedimentos, embrionariamente, em priscas eras. O fato é que os procedimentos se aperfeiçoaram e são uma necessidade imperiosa dos tempos atuais, cada vez mais de busca por
uma maior produtividade e eficiência;
- Sob o ponto de vista puramente conceitual, embora o “ABC costing” não seja o melhorconceito para todas e quaisquer aplicações gerenciais, decisivamente é um conceito que se enquadra nas mais atualizadas definições de Ativo, no que se refere a estoques.

Para finalizar, é necessário analisar com muito cuidado toda e qualquer onda de métodos de custeio, a fim de se evitarem os extremos: a crítica feroz e infundada e do lado oposto, a mera adesão por modismo.


Dr. Sérgio de Iudicibus
Departamento de Contabilidade e Atuária
Universidade de São Paulo
Brasil

QUESTIONÁRIO SOBRE TEORIA DA CONTABILIDADE

1- O que é Teoria da Contabilidade?


A Estrutura conceitual básica da contabilidade representa o arcabouço teórico que define o ambiente no qual a contabilidade pode ser elaborada, bem como a forma de execução contábil e do processo de geração e apresentação das informações. O perfeito entendimento dessa estrutura permite uma visão abrangente não só dos horizontes da Contabilidade como também do papel do contador enquanto profissional responsável pela qualidade da informação contábil. FAVORE 2006, p.30


2- Quais os sete princípios contábeis da Resolução 774/94 do CFC?


Conceitue cada um com apenas uma frase.


Princípio da Entidade: O patrimonial não se confunde com os dos sócios ou acionistas.


Princípio da Continuidade: A vida da empresa é algo em andamento, que funcionará por prazo indeterminado.


Princípio da Oportunidade: Completeza da apreensão das variações do seu oportuno conhecimento.


Princípio do Registro pelo Valor Original: Ordena o registro do bem pelo valor original ocorrido na data da transação.


Princípio da Atualização Monetária: A perda do valor da moeda deve ser reconhecida em valores que integram as demonstrações financeiras.


Princípio da Competência: Registro das receitas e despesas na apuração do resultado do período a que se refere.


Princípio da Prudência: Na elaboração de demonstrações financeiras todas as despesas e prejuízos devem ser previstos e provisionados.


3- Cite as características das informações geradas pela Entidade.


Devem ser ambas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro.


4- Qual a diferença do Regime de Caixa e do Regime de Competência?


Regime de Caixa: É uma forma simplificada de contabilidade, aplicado basicamente às microempresas ou ás entidades sem fins lucrativos.


As regras básicas para a contabilidade por esse regime são:


- A receita será contabilizada no momento do seu recebimento, ou seja, quando entrar dinheiro no caixa [encaixe].


- A despesa será contabilizada no momento do pagamento, ou seja, quando sair dinheiro do caixa [desembolso].


Regime de Competência: Este regime é universalmente adotado, aceito e recomendado pela Teoria da Contabilidade e pelo imposto de Renda. Evidencia o resultado da empresa [lucro ou prejuízo] de forma mais adequada e completa.


As regras básicas para a contabilidade pelo regime de competência são:


- A receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento. Assim, se a empresa vendeu a prazo em dezembro do ano T1 para receber somente em T2, pelo regime de competência, considera-se que a receita foi gerada em T1; portanto, ela pertence a T1.


- A despesa será contabilizada como tal no período em que for consumida, incorrida, utilizada, independentemente do pagamento. Assim, se em 10 de janeiro de T2 a empresa pagar seus funcionários [que trabalharam em dezembro de T1], a despesa compete a T1, pois nesse período ela incorreu efetivamente. [MARION 2004, p.79]


5- Apresente uma definição de ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA.


Ativo: É o conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa. São os itens positivos do patrimônio; trazem benefícios, proporcionam ganho para a empresa. Passivo: Significa as obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as dividas que serão cobradas, reclamadas a partir da data de seu vencimento. É denominado também passivo exigível, procurando-se neste caso dar mais ênfase ao aspecto exigibilidade. Receita: Corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestações de serviços. Ela é refletida no balanço através da entrada de dinheiro no caixa [receita a vista] ou entrada em forma de direitos a receber [receita a prazo]- duplicatas a receber. Despesa: É todo sacrifício, todo esforço da empresa para obter receita. [todo o consumo de bens ou serviços com o objetivo de obter receita é um sacrifício, um esforço para a empresa]. Ela é refletida no balanço através de uma redução do caixa [quando é pago no ato - a vista] ou mediante um aumento de uma dívida-passivo [quando a despesas é contraída no presente para ser paga no futuro-a prazo]. A despesa pode ainda, originar-se de outras deduções do ativo, como desgastes de maquinas [depreciação] e outros. [MARION, 2004]


6- Qual a equação básica da Contabilidade:


[Bens + Direitos] – [Obrigações]= Patrimônio Líquido


7- Qual a diferença entre Teoria Positiva e a Teoria Normativa em contabilidade?


A Teoria Positiva foca aspectos mais restritos da fenomenologia contábil, estabelece hipóteses e testa, muitas vezes através de métodos quantitativos, mas nem sempre, tais hipóteses procuram entender o mundo contábil como ele é, porque é assim e não como deveria ser, enquanto que a Teoria Normativa, apoiada, preferencialmente, no método dedutivo, faz hipótese sobre o universo contábil e deriva prescrições de como a Contabilidade deveria proceder para maximizar a utilidade da informação para os variados tipos de usuários.


8- Qual a importância do método das partidas dobradas na ciência contabilística?


Método desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli, na Itália, século XV a XVI, que prevalece até os dias atuais, é um método universalmente aceito, com esse método deu-se um inicio de uma nova fase para a contabilidade como disciplina adulta além de desabrochar a Escola Contábil italiana, que iria dominar o cenário contábil até o inicio do século XX. O método consiste no fato de que para qualquer operação há um débito e um crédito de igual valor idêntico a um crédito [ou mais crédito]. Portanto, não há débitos sem créditos correspondentes. [MARION 2004, p.152]


9- Explique as convenções contábeis da objetividade, da consistência, da materialidade e do conservadorismo.


Objetividade: Quanto à restrição da objetividade, a fim de que as demonstrações contábeis sejam tão confiáveis quanto possível, os contadores necessitam decidir sobre o atributo ou evento que será mensurado e selecionar procedimentos de mensuração adequados. Segundo Hendriken, a objetividade tem sido conceituada de maneiras distintas por pessoas e contadores diferentes, a saber: mensurações baseadas no consenso profissional de experts qualificados; mensurações e avaliações baseadas em evidência e documentação verificável; valor da dispersão estatística das mensurações de um atributo, quando efetuadas por vários pesquisadores.


Consistência: A Contabilidade de uma entidade deverá se mantida de forma tal que os usuários das demonstrações contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência da mesma com o menor grau de dificuldade possível. Esta convenção, de grande importância na Contabilidade, deve também ser entendida à luz das restrições de entendimento por parte dos usuários da informação contábil.


Materialidade: O contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário á luz da relação cuto-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil.


Conservadorismo: Em Contabilidade, pode ser entendido sob dois aspectos principais:


O primeiro, vocacional e histórico da profissão, pelo qual, entre as várias disciplinas que avaliam, pelo menos em parte, o valor da entidade, a Contabilidade é a que tenderia, em igualdade de condições, a apresentar o menor valor para a entidade como um todo. O segundo, mais operacional, de que, conforme o enunciado, a Contabilidade tende, dentro dos amplos graus de julgamento que a utilização dos princípios nos permite empregar, a escolher a menor das avaliações igualmente relevantes para o ativo e a maior para as obrigações. [IUDICIBUS, ET AL 2009]


10- Qual o significado do símbolo da contabilidade: O caduceu?


Os romanos utilizaram e caduceu como símbolo do equilíbrio moral e da boa conduta; o bastão expressa o poder; as duas serpentes, a sabedoria e as asas, a diligência.

11- Quais as principais funções da contabilidade?Conceitue cada uma das funções.


Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário;


Organizar: um sistema de controle adequado à empresa;


Demonstrar: com base nos registros realizados, expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa;


Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade se apuração dos resultados obtidos pela empresa;


Acompanhar: a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros para eventuais problemas.

12- Qual o objeto da contabilidade? E seu conceito.


O Patrimônio das Entidades. É o conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro.


13- Como a contabilidade estuda o patrimônio?


Por seus aspectos qualitativo e quantitativo.


14- O que vem a ser o atributo qualitativo do patrimônio?


Entende-se a natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc.


15- O que vem a ser atributo quantitativo do patrimônio?


Refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a contabilidade assuma posição sobre o que seja ‘valor’, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados.







GLOSSÁRIO

Azienda: é tudo o que se acha organizado para cumprir uma finalidade, em que estão pessoas administrando e trabalhando, em que existe riqueza sendo utilizada e tudo em constância nessas atividades.

 
Rédito: o fenômeno do rédito acontece quando o capital (que entendido como todo o patrimônio da empresa, volvido à obtenção da finalidade lucrativa) varia, por efeito de sua movimentação, em decorrência da atividade desenvolvida para a utilização do mesmo. Ato de voltar, lucro, produto, juro.

 
Patrimônio: Conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, ou a um conjunto de pessoas, independentemente de sua finalidade pode ou não incluir o lucro.

 
Balanço Patrimonial: tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data, representando, portanto, uma posição estática. É composto pelo ativo, passivo mais patrimônio líquido.

Ativo: Compreende as aplicações de recursos, normalmente em bens e direitos.

Passivo: Compreende as exigibilidades e obrigações.

 
Passivo a Descoberto: quando o resultado da equação é negativo, convencionado- se denominá-lo de ‘Passivo a Descoberto’.

 
Patrimônio Líquido: Representa a diferença entre o ativo e passivo, ou seja, o valor líquido da empresa. É o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios.

 
Liquidez: é a função que os meios patrimoniais exercem para suprir as necessidades de pagamentos.



Usuário: é toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar. O usuário pode ser interno ou externo.

 
Usuários Internos: Incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e específicas acerca de Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional.



Usuários Externos: são aqueles que concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.


Teoria: é um enriquecimento intelectual de um conhecimento que eleva de simples percepção subjetiva ou prática à generalidade objetiva, racionada, sistematizada e valorizada.

 
PFC: Princípios Fundamentais da Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.



Princípios da Entidade: o patrimonial não se confunde com o dos sócios ou acionistas.

 
Princípio da Continuidade: a vida da empresa é algo em andamento, que funcionará por prazo indeterminado.



Princípio da Oportunidade: completeza da apreensão das variações do seu oportuno conhecimento.

 
Princípio pelo Registro do valor Original: ordena o registro do bem pelo valor original ocorrido na data da transação.

 
Princípio da Atualização Monetária: a perda do valor da moeda deve ser reconhecida em valores que integram as demonstrações financeiras.

 
Princípio da Competência: registro da receitas e despesas na apuração do resultado do período a que se refere.

 
Princípio da Prudência: na elaboração de demonstrações financeiras todas as despesas e prejuízos devem ser previstos e provisionados.


Entidade: aquilo que constitui a essência de uma coisa, ente, grêmio, associação, sociedade.


CRC: Conselho Regional de Contabilidade, órgão federal onde todos os profissionais da contabilidade possuem registro e certificado para atuação no mercado.